Muito se tem discutido ultimamente sobre a possível “morte dos blogs“. Com a chegada dos AI Overviews, a queda de cliques nas SERPs e o avanço da busca generativa, é comum ver especialistas decretando o fim desse formato que, durante anos, foi um dos pilares do conteúdo digital.
Mas, antes de aceitar mais uma vez essa sentença, vale olhar para trás e entender que essa não é a primeira vez que os blogs são dados como mortos.
O ciclo é quase sempre o mesmo: surge uma nova atualização, uma mudança de algoritmo ou uma grande transformação no comportamento dos usuários, e logo vem o coro: “Os blogs acabaram!”
Só que os blogs já “morreram várias vezes” antes… e sobreviveram a todas elas.
Qual o objeto deste artigo?
Vamos explorar por que os blogs ainda não morreram — e por que podem renascer mais fortes — nesses novos cenários:
- Examinando cada “morte” que já decretou o fim dos blogs, para entender o que realmente mudou.
- Apontando estratégias para sobreviver ao Great Decoupling e às próximas atualizações.
- Apresentando o potencial dos LLMs como facilitadores de tráfego, já testados por grandes publishers.
- E, claro, indicando os passos práticos que você pode dar para adaptar seu blog a essa nova realidade.
O foco agora é claro: sobreviver e evoluir, com conteúdo centrado nas pessoas, autoridade comprovada e adaptação às tecnologias que estão redesenhando o espaço digital.
Uma Retrospectiva das Muitas Mortes dos Blogs
Se você trabalha com conteúdo digital, provavelmente já ouviu — mais de uma vez — que os blogs morreram. Essa afirmação parece cíclica. Ela volta com força sempre que o Google lança uma atualização, sempre que uma rede social muda o algoritmo ou sempre que surge uma nova tendência de consumo online.
2012 – Penguin Update: A primeira grande mudança
A primeira grande “morte dos blogs” aconteceu em 2012, com o lançamento do temido Google Penguin Update. Naquela época, milhares de sites que sobreviviam apenas de backlinks artificiais e conteúdos rasos foram derrubados do dia para a noite.
A partir dali, o Google deixou claro: conteúdo de qualidade e backlinks naturais seriam o futuro do SEO.
Quem sobreviveu? Aqueles que já investiam em conteúdo mais aprofundado e natural.
2018 – O fim da viralização no Facebook
Por volta de 2018, o Facebook enterrou o alcance orgânico de links externos. Quando o Facebook passou a privilegiar interações pessoais e vídeos nativos, o tráfego despencou e muita gente decretou a morte dos blogs mais uma vez.
Durante anos, muitos sites viveram exclusivamente de tráfego viral vindo das redes sociais. Bastava criar um título chamativo e espalhar o link para grupos e páginas. Quando o Facebook mudou o algoritmo para privilegiar interações pessoais e vídeos nativos, muitos blogs perderam até 80% do tráfego da noite para o dia.
2016-2019 – Featured Snippets e Zero-Click Searches
A introdução dos featured snippets, knowledge panels e o crescimento das zero-click searches entre 2016 e 2019 mudaram de vez o comportamento de busca. Cada vez mais, os usuários encontravam a resposta direto na SERP, sem precisar acessar o site de origem. Para os blogs, isso significou outra grande queda nos cliques.
Outubro de 2023 – O Core Update que abalou os conteúdos genéricos
Em outubro de 2023, o Google lançou um dos seus updates mais severos: o Core Update com foco na qualidade e originalidade. A plataforma virou a chave de vez contra sites que viviam de conteúdo raso, reescrito ou produzido em massa por freelancers genéricos (ou por IA sem curadoria) foram os mais atingidos.
Muitos sites médios e pequenos viram quedas abruptas de tráfego. Blogs que publicavam dezenas de textos rasos por mês (muitas vezes reescrevendo o que já estava no Google) perderam relevância de forma drástica.
2025 – O Great Decoupling: Impressões sobem, cliques caem
Agora, em 2025, vivemos o que especialistas chamam de Great Decoupling: impressões orgânicas aumentam, mas os cliques simplesmente não vêm.
Com a chegada dos AI Overviews, da expansão dos rich snippets e da nova lógica de busca generativa, as impressões nas SERPs estão subindo, mas os cliques caíram como nunca.
Hoje, os usuários muitas vezes consomem a resposta diretamente na página do Google, sem sequer visitar o site que originou o conteúdo.
Para quem depende exclusivamente de tráfego orgânico via SEO tradicional, o cenário é desafiador como nunca antes.
E o Futuro? LLMs já estão recomendando links para sites
Hoje, os grandes LLMs — como ChatGPT, Copilot e Gemini — não apenas respondem perguntas, mas fornecem links de referência, servindo como verdadeiros “gatekeepers” do tráfego digital.
- Em abril de 2025, o ChatGPT já enviou 243,8 milhões de visitas para sites de news e mídia, quase o dobro do volume de janeiro. Fonte: Digiday.
- Muitos sites já relatam receber mais tráfego de LLMs do que de fontes como BlueSky ou Twitter.
- Crescimento consistente nas indicações de tráfego vindas do ChatGPT nos últimos seis meses. Enquanto outros mecanismos de IA apresentam oscilações mensais, o ChatGPT registrou um aumento de 123% desde setembro e tem se mantido consistentemente como a maior fonte de tráfego entre as ferramentas de IA.
- Além disso, existem diferenças claras entre os setores: sites de viagens e finanças estão recebendo um volume maior de tráfego via ChatGPT, enquanto o Perplexity e o Gemini têm desempenhado um papel mais significativo nos segmentos de saúde e e-commerce. Fonte: Search Engine Land.
Ou seja: os LLMs não estão só lendo o seu conteúdo — eles estão se transformando em uma nova fonte de tráfego e visibilidade de marca. E, ao contrário dos metais tradicionais, essa oportunidade está apenas começando.
Então… Os Blogs Realmente Morreram?
A verdade é que os blogs morreram, sim… mas várias vezes.
Cada fase de “morte” foi, na prática, uma mudança de ciclo: saíram aqueles que buscaram atalhos e ignoraram o longo prazo; ficaram os projetos com propósito, qualidade e autoridade construída de forma consistente.
O Google de hoje não é mais só um mecanismo de palavras-chave. Ele escaneia o seu site como um todo, entende o histórico da sua produção, reconhece quem você é e avalia sua capacidade de entregar valor ao usuário.
Se você produz conteúdo genérico, sem identidade, sem experiência real e sem foco no usuário, é só questão de tempo até o tráfego zerar.
Mas se você está construindo autoridade legítima, investindo em conteúdo profundo, mostrando quem você é e focando na experiência real do usuário, pode ter certeza: o blog segue sendo uma das melhores ferramentas para construir audiência de longo prazo.
O Futuro dos Blogs: Quem Vai Sobreviver?
O futuro é de quem:
- Produz conteúdo com opinião própria, experiência real e profundidade.
- Mostra quem está por trás de cada texto.
- Constrói autoridade de forma consistente e legítima.
- Diversifica as fontes de tráfego (SEO + Discover + Social + Newsletter).
- Faz conteúdos não apenas para o algoritmo, mas principalmente para as pessoas.
Se você se encaixa nesse perfil, pode ter certeza: os blogs ainda têm muito fôlego pela frente. Só mudou a forma de jogar!