Muito se tem falado sobre o fim do SEO. Um exemplo é o post de LinkedIn viral de Matthew Morgan, reacendeu essa discussão ao relatar um exemplo simples e brutal: seu tio buscou “como fazer o melhor bourbon com Coca”, leu a resposta instantânea da AI Overview no Google, fechou o notebook e foi fazer o drink. Nenhum clique. Nenhuma visita a blog. Apenas a resposta direta.
Mas vinte minutos depois, ele buscou “melhor bourbon abaixo de 60 dólares”. Dessa vez, clicou em três páginas de produtos e comprou um deles.
O Great Decoupling: cliques e impressões se divorciaram
Esse exemplo escancara o que muitos já vêm observando: estamos vivendo o que alguns chamam de “Great Decoupling”, o grande divórcio entre impressões e cliques. Os conteúdos informacionais continuam sendo buscados, mas o usuário já não precisa visitar o site para obter a resposta.
Esse fenômeno não começou agora. Ele foi se desenhando aos poucos, com marcos como:
- O fim da viralização via Facebook, que começou a perder força já em 2014
- A introdução dos Featured Snippets, que exibem a resposta direto no topo da SERP
- A ascensão das “Zero Click Searches”, que hoje representam mais da metade das buscas
- A chegada do AI Overview, que entrega resumos inteiros com base em fontes sem gerar visita para elas
A busca não morreu — mas mudou de forma
Dizer que o SEO morreu é exagero. A busca orgânica continua viva, mas com regras diferentes. O tráfego que antes era garantido para listas, tutoriais e guias está agora sendo filtrado. Só clica quem tem intenção de compra, quem busca aprofundamento, ou quem quer avaliar opções reais.
O Google não é mais apenas um mecanismo de busca — é um mecanismo de respostas. E para sobreviver nesse novo contexto, você precisa entender que:
- Conteúdo raso, genérico ou produzido em massa está com os dias contados
- Tópicos transacionais (comparativos, reviews, análises, avaliações) seguem gerando tráfego qualificado
- Conteúdo original, com ponto de vista e dados próprios, tende a ser valorizado por humanos e LLMs
Como escapar da era do zero clique?
Se você ainda aposta apenas em conteúdo informacional genérico, está vivendo de ilusão. A seguir, algumas formas de adaptar sua estratégia:
1. Produza conteúdo com intenção de compra
Foque em conteúdo de meio e fundo de funil:
- Comparações de produtos
- Análises com base em experiência real
- Avaliações honestas, com prós e contras
- Casos de uso e demonstrações
2. Vá além do SEO: diversifique o tráfego
Não dependa apenas do Google. Explore:
- Web Stories para presença no Discover
- YouTube com vídeos que aprofundam seu conteúdo
- Newsletter para engajar e recuperar leitores diretos
- Tráfego de LLMs (ChatGPT, Perplexity, Copilot), que já estão indicando links (e você pode se otimizar para eles)
3. Otimize para LLMs
Sim, estamos entrando na era da otimização para modelos de linguagem (LLM Optimization). Isso significa:
- Ter uma estrutura clara de autoria (E-E-A-T)
- Deixar seu conteúdo rastreável, com boas marcações HTML
- Criar conteúdo original, com profundidade e autoridade real
- Ser citado por outros sites de confiança
Conclusão: nem blogs, nem SEO morreram.
Cada fase em que decretaram a morte dos blogs foi, na prática, uma troca de pele. Saíram os que buscavam atalhos. Ficaram os projetos com propósito, autoridade construída e conteúdo de verdade.
Quem ainda insiste em conteúdo genérico está apenas esperando o tráfego zerar para perceber que o site já morreu faz tempo.
O futuro do SEO é real. Mas só para quem entender que Google, LLMs e humanos estão em busca da mesma coisa: respostas relevantes, confiáveis e escritas por quem sabe do que está falando.


